Te pegue pela mão

Para onde eu vou caminho com passos firmes, porque antes decidi aonde ir. No percurso da vida já tive que fazer escolhas entre encruzilhadas que me colocavam em dúvida – qual rumo tomar? Não foi fácil, mas tive que aprender a me guiar, por vezes desacompanhada, mas protegida.

Foram nesses momentos que precisei pegar na mão do meu destino e ser firme nos propósitos e no objetivo de onde chegar.

Com o tempo fui me dando conta que a vida nos ensina por meio de lições tiradas da enciclopédia das experiências, dos erros e acertos, das hipóteses submetidas a testes, nem sempre aceitas.

E é com base nesse aprendizado que agora, já madura, arrisco-me a sugerir – te pegue pela mão, com firmeza, e não a solte enquanto não se sentir seguro, pois assim é a vida, uma constante busca por equilíbrio e harmonia entre corpo, mente e espírito.

Iêda Chaves Freitas

06.06.2022

Amor em devaneios

Às vezes me sinto leve, tão leve que os ventos me levam para ancorar no cais de teu abraço. Meu porto seguro.

Em outras vezes eu vou caminhando fagueira, esperando te encontrar na beira-mar, com o abraço que nele me faz laço.

É sempre assim nas noites de luar, onde o teu olhar me atiça em direção a chama de teu corpo, o qual me queima de paixão e me inebria de desejos.

Amor em devaneios? Sei dizer não. Só sei que tua presença me fascina, deixa-me encantada e me ilumina; porém, a tua ausência me tira, das mãos, o leme, o rumo e o prumo dos meus sentires.

Diante disso tudo fico nua, visto-me com o clarão da Lua, faço-me sereia com o brilho das estrelas e me perfumo com águas de cheiro para te amar.

E o amor, razão de todos esses devaneios, vagueiam com as bênçãos de Iemanjá.

amor em devaneio

Iêda Chaves Freitas

18.05.2022

Bordado

Acordei, levantei-me disposta, abri as janelas. O dia estava sem sol, em pleno verão. Contudo, não estava um dia triste, não havia solidão. Apenas um dia calmo, bom para tomar decisões. E, ali da minha janela dos sonhos, contemplando o infinito, pensei no que iria fazer naquela manhã.

Decidi arrumar as gavetas do meu pensar, foi quando encontrei um tecido pronto para ser bordado: era o tempo que vivi.

Ah! Não tive dúvidas, fui procurar minhas agulhas e linhas, os meus desenhos amarelados, pois sabia que estavam bem guardados nos baús de minhas lembranças e cheios de significados. Me sentei confortavelmente no sofá de meu passado e comecei minha arte, aquela que aprendi na minha infância -, colorir sonhos.

Depois de algumas horas minha obra de arte estava pronta. Contemplei-a com a alegria de ter tecido, em poucos instantes, uma linda manta para me aquecer no inverno das saudades.

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Iêda Chaves Freitas

15.03.2022

Palavras ao vento

Escrevo para me libertar do que está preso no meu pensar; por isso, quando solto palavras escritas são para que elas possam voar e expressar os meus sentires.

Há dias que passo horas catando palavras no quintal da minha memória, escolhendo aquelas que melhor combinam com o meu cardápio de lembranças, estas, catalogados pelas fases da minha vida.

Seleciono os vocábulos de modo a compor os capítulos históricos da minha vida, claro, os que merecem destaques, os que foram mais difíceis de vencer.

Por vezes, as palavras se encaixam perfeitamente no raciocínio de um passado de trabalho exaustivo; contudo, de boa colheita.

Noutras vezes, para formar uma simples frase procuro no dicionário o real sentido de um sofrimento, já quase esquecido, pois não deixou marcas e, sim, aprendizados.

Assim, os textos que componho são registros de um tempo vivido que foi organizado numa enciclopédia de sonhos realizados, de dores sentidas, alegrias celebradas e lições aprendidas nas salas de aula da experiência.

Essa liberdade de escrever me faz contar minha história como ela é e não como pensei.

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Iêda Chaves Freitas

12.03.2022

Uma bela mulher

Tenho boas lembranças da minha mãe, de suas lições e, em especial, por ela ter sido uma mulher à frente do seu tempo. Basta dizer que qualquer novidade, por mais simples que fosse, era celebrava com a sapiência de não fazer comparações com o antes e, sim, apenas usufruir dos seus avanços. Se viva fosse (viveu até o final da década de 70), a mulher admirada por todos que a conhecia, seguramente acompanharia os avanços tecnológicos e estaria pronta para (re)aprender e adaptar-se à modernidade.

O seu jeito nunca lhe permitia lamentar o tempo supostamente perdido, mantinha-se disposta a vislumbrar novas possibilidades de conviver, de estar sempre bem.

Homenageio, nesta data, a minha mãe, colocando-a como a representante da mulher que sabe qual é o seu papel na sociedade, escolhendo, por decisão própria, o que pretende ser.

Minha mãe valorizava o ser humano, independentemente da escolha sexual, reconhecendo os limites e potencialidades, habilidades e competências individuais e, por isso mesmo, via cada pessoa como um ser especial.

A mulher que me fez ser o que sou, sabia enxergar, nas entrelinhas da vida, a importância de valorizar-se e de ter amor-próprio. Ela me ensinou que é importante fazer o bem, cultivar valores e princípios, para vivermos em harmonia.

Ela me dizia que era necessário enxergar-se, conhecer as próprias fraquezas e adversidades, pois só assim podia ser capaz de praticar a empatia. E assim, exerço meu papel como MULHER, mãe, esposa, avó, amiga e profissional.

Com a sapiência dessa MULHER aprendi o que é o amor e que a vida tem a beleza feminina.

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Iêda Chaves Freitas

08.03.2022.

O que importa? (BVIW)

Chega um tempo no qual é preciso enxergar as verdades encobertas pela falta de bom senso e, mesmo assim, poucos se dão conta da realidade em sua volta. Penso que o atual contexto de sociedade é exemplo dessa situação, posto que importa mais o poder político e a riqueza econômica, do que o bem-estar, a segurança da humanidade e do meio ambiente.

Vive-se tempo de inseguranças e incertezas. Por vezes, é a violência que nos assusta e nos faz desconfiados de todos e tudo, induzindo-nos a ficarmos presos ao medo. Noutras vezes, vemo-nos diante de situações imprevistas, a exemplo da atual pandemia do COVID-19, assim como, às mudanças políticas, econômicas, sociais e ambientais, cujas causas, e consequências, são de difíceis soluções nos curto e médio prazos.

Os desastres ambientais ocorridos com mais frequência, no Brasil, sinalizam-nos, não apenas a falta de políticas públicas que considerem a crescente escala da pobreza humana, mas, essencialmente, as consequências das degradações ao meio ambiente. E, menos compreensível e aceitável, ainda, é a falta de ações proativas, mesmo diante dos conhecimentos e farta tecnologias disponíveis.

Enfim, a crescente desigualdade social e econômica, o mau uso dos recursos naturais, o avanço nos desmatamentos, além de outros fatores, induz-nos a percebermos que, quando a razão foi embora, junto com ela foram os princípios humanos e os valores morais e políticos.

Imprta a segurança

Iêda Chaves Freitas

22.02.2022

Tema da semana: “Quando a razão foi embora”

Janela dos sonhos

Certo dia debruçada na janela dos meus sonhos, avistei lá, “onde o vento faz a curva”, uma imagem indefinida. De longe me parecia um futuro desenhado em novo formato, quero dizer, mais bonito que o atual, com mais segurança, sem sobressaltos.

É que o contexto atual se apresenta numa configuração diferente do que se pensava até poucos anos. Muita coisa mudou, inesperadamente e sem orientação ou conhecimentos prévios de como agir.

Ali em meio aos desejos por mudanças, lembrei-me dos avanços da modernidade, quando fui despertada pelo interfone pois havia chegado meu pedido pelo ifood.

Pois bem, nesse cenário tenho tempo livre para ficar na janela e sonhar, mas não tenho liberdade para sair de casa e realizá-los.

Estou presa a uma pandemia da qual não se tem nenhum prognóstico de quando vai dar pelo menos uma trégua, sair da Uti e ir para um apartamento, receber visitas.

Voltei para a janela e continuei a dar espaços aos meus pensares e visões ilusórias de mundo e de sociedade.

Mesmo assim, sou otimista e sei que vale a pena sonhar!

Janela

Iêda Chaves Freitas

20.02.2022

“A natureza das coisas”

A música faz parte de minha rotina. Como nordestina, gosto de ouvir forró, xote e músicas românticas. Além da melodia, algumas letras me chamam a atenção. Tem uma música do cantor Flávio José, letra de Accioly Neto, que, particularmente, considero-a lindamente poética.

Sempre que a escuto admiro a criatividade e percepção do seu autor na composição dos versos e de suas respectivas metáforas.

Pois bem, um dia desses acordei sem pressa e disse pra mim mesma, “se avexe não”…, hoje é apenas mais um dia, e “amanhã pode acontecer tudo inclusive nada”, portanto, viva intensamente, não precisa voar feito borboleta, lembre-se, ela já foi lagarta, antes de criar asas.

Então, vá sem pressa para chegar onde planejou, seguindo o caminho que traçou, sem esquecer que, “toda caminhada começa com o primeiro passo” e “para subir bem alto tem que suar” independente de ser professora, escritora ou poeta.

Então, se avexe não porque “a burrinha da felicidade nunca se atrasa”, ela chega na hora certa e no lugar nem sempre combinado.

A letra da música induz-nos a termos calma, assim como “a natureza não tem pressa, segue o seu compasso”, pois o que tiver de ser, inexoravelmente será.

Levantei-me e logo em seguida acessei minha playlist, selecionei a canção “a natureza das coisas”, e fui alegremente contemplar a vida e, entre outras coisas, a música como uma das mais belas artes.

A natureza das coisas

Iêda Chaves Freitas

18.02.2022

Pensar e agir (BVIW)

Há dias que faço uma parada estratégica para, além de pensar, também refletir sobre os meus atos e omissões. Assim, procuro na mente separar o desejo da necessidade, administrar a emoção com a razão, e ponderar o poder com o querer.

Diante das dúvidas do cotidiano analiso o meu agir, indagando-me: o que posso fazer diante das minhas inconcretudes e insatisfações? Como posso melhorar minhas decisões diante dos aprendizados diários?

Faço isso por acreditar que, além de mim, há um Deus que orienta o meu pensar e protege o meu agir. E nEle confio. Por isso, agradeço mais do que peço.

Diariamente, além do que vejo, penso no que gostaria de ver e idealizo como posso contribuir para melhorar o que não concordo, a exemplo da desigualdade social, do desrespeito ao meio ambiente, da falta de escrúpulos e hipocrisia. Enfim, penso no que posso fazer para minimizar as ações egoístas de alguns em detrimento de muitos.

Além de meu silêncio, escuto o que me faz pensar sobre como viver melhor em uma sociedade que prima pelo individualismo conectado. Imagino que, além de mim, existem outras pessoas que precisam se reconectar com a esperança de um mundo melhor, no qual se possa pensar e agir na perspectiva de que é mais importante ser, do que apenas ter.

Por isso tudo, sei que, além do que penso, o importante é agir.

Alem do que penso

Iêda Chaves Freitas

15.02.2022

Tema da semana: “Além do que penso”

Promessa…

… é compromisso, é dívida, sei disso. Se devo tenho que pagar e fim de papo. Mas, e quando não consigo cumprir, o que faço? Adio o pagamento? Não né, já que neste caso os juros aumentam o valor do principal.

Pois bem, não gosto de ficar devendo e, até pouco tempo atrás, a minha consciência tinha uma frase-mestra que dizia: não prometa o que não pode cumprir.

Diante disso, estou achando que fui castigada, pois quando se trata de prometer perder peso, estou devendo e, mensalmente, só aumento minha dívida. Estou perdendo feio para os maiores devedores e, pior, acho que me tornei velhaca, engano a mim mesma.

Na verdade, cada dia mais me torno controversa. Em outras palavras, digo e não faço, prometo e não cumpro, teorizo e não pratico. Enfim, só complico meu estilo de leveza n’alma, ficando com peso a mais, inclusive na consciência.

Ufa! Preciso fazer uma promessa para um santo, quem sabe assim tenha medo da penitência que possa ser obrigada a pagar pela desobediência.

Vou fazer, está decidido, a promessa, mas não sei se vou conseguir emagrecer, já que tenho viajado muito.

Promessa

Iêda Chaves Freitas

14.02.22